Por Marcelo Ferrari
do blog Ferrarinanet
série - pegando buda pra cristo
Olá Buda! Já trabalhei de motobói numa copiadora. Era um serviço rotineiro, que consistia basicamente em ir ao cartório autenticar cópias heliográficas. Entrava no cartório de capacete e uma mochila nas costas que mais parecia um contêiner. Era um rascunho de astronauta. Ninguém reparava, afinal, igual a mim já tinham mais de quinze na fila de espera. Era assim o ambiente do cartório. De um lado do balcão, criaturas apressadas. Do outro lado, funcionários que trabalhavam feito robôs: pá-pum, pá-pum, pá-pum… próximo!… pá-pum, pá-pum, pá-pum… próximo! Entretanto, vez ou outra, chegavam ao cartório umas criaturas cujo brilho nos olhos destoavam da manada. Eram seres que – além de não reconhecerem a enfadonha rotina de balcões, mesas, papéis, capacetes e cadeiras do ambiente – pareciam enxergar no cartório algum tipo de paraíso no qual nós mortais não podíamos entrar. Tais imortais eram sempre direcionados pra uma sala especial, cuja placa anunciava: “Casamentos”. Pelo vidro da porta, enquanto os noivos assinavam o documento matrimonial, não era difícil ver o escriturário coçando o saco e olhando no relógio, louco pra dar a hora do almoço. Aquele era um dia a mais, no qual ele bravamente se empenhava em transformar em um dia a menos. Pros noivos – que tinham ansiado e imaginado, segundo por segundo, a chegada daquele momento – não era mais-um-dia, mas sim o-dia. Foi num dia desses que me dei conta que toda agenda tem 365 dias, mas nem todos os 365 dias estão na nossa agenda.
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idéias, textos, poesias sob(re) a mente
"[...] sussuro sem som, onde a gente se lembra do que nunca soube," G.R.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
365 dias
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