Sobre a predação e a oposição entre ecologia e liberação animal
Les Cahiers antispécistes
n°14 (dezembro 1996)
Yves Bonnardel
Tradução: Anna Cristina Reis Xavier; revisão: Simone Nardi
Desde que abordamos o assunto de considerarmos igualmente os interesses de todos os animais, ou seja, de dar tanto peso aos interesses dos não-humanos quanto aos dos humanos, as pessoas contestam com uma série de argumentos que são sempre os mesmos. Principalmente aparece a referência a predação: «Mas os animais se comem entre eles; então por que não deveríamos fazer o mesmo?» - ou, ao contrário: «Se nos opusermos contra a exploração dos animais, também é necessário nos posicionarmos contra a predação da Natureza».
Sabemos como é fácil responder a este tipo de argumento: os humanos possuem justamente esta especificidade tão glorificada pelos especistas de poderem mudar de comportamento, por razões morais, com maior facilidade do que os outros animais. Mas essa resposta, se é formalmente suficiente, evita uma questão fundamental: a predação representa em si própria um problema bem real e logicamente leva à reflexão aquelas pessoas que se preocupam seriamente com os interesses dos outros animais.
E trata-se de um problema que tentamos sempre evitar, pois ele faz parecer louco aquele ou aquela que tenta refletir calmamente sobre o tema, e porque divide de tal forma os consensos, inclusive no seio do movimento anti-especista.
Apesar disso, é um assunto que deve ser abordado. E se ele pode dividir, pode também ajudar a fortalecer o movimento, principalmente ao esclarecer suas posições com relação ao ecologismo e ao naturalismo (esta crença religiosa na «Natureza»).
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