domingo, 27 de fevereiro de 2011

Invention of Lying (2009)

Ou "o Primeiro Mentiroso".

Esse é o filme mais verdadeiro que já vi. Mentira. Houve outros. The Invention of Lying é um filme sobre uma cidade fictícia na qual não se conhece a palavra "mentira" (e consequentemente nem a "verdade") onde todos os habitantes sempre dizem tudo o que vem à mente, até que um cidadão espontaneamente "descobre" a mentira. No início fica perplexo, depois percebe sua utilidade e, consequentemente, seus poréns. Tenta ensinar a técnica aos amigos, no entanto eles não têm a mínima idéia do que está falando - é "outra dimensão" -, então resolve explorar sozinho, e assim tem que se virar a cada dia pra sustentar as mentiras que cria para os outros, sempre ansiosos para ouvir novas estórias histórias - não necessariamente coerentes ou belas, assim como acontece ao filme. Tem suas quebras de lógica - como tudo na vida - mas é bem feito. Feito pra pensar e rir - ou rir e pensar - e pensar sobre como nossas vidas são construídas em cima do poder da sugestão. Do poder da persuasão alheia e do nosso poder de persuasão sobre os outros. Como a sociedade, as empresas, as instituições, as relações entre as pessoas e a nossa própria concepção de eu não é algo tão sólido quanto queremos imaginar - e é bom imaginar, é mais seguro -- ou é bom imaginar que é mais seguro. O próprio dinheiro - e isso é mostrado no filme de forma cômica mas na vida real é o que acontece de verdade - é bastante ilusório:

"O sistema bancário moderno fabrica dinheiro a partir do nada. O processo é talvez a mais espantosa peça de prestidigitação alguma vez já inventada. A banca foi concebida na desigualdade e nasceu no pecado... Os banqueiros possuem a terra. Tome-a deles mas deixem-nos o poder de criar dinheiro e, com um toque de caneta, eles criarão bastante dinheiro para comprá-la outra vez... Retirem-lhes este grande poder e todas as grandes fortunas, como a minha, desaparecerão, e então isto seria um mundo melhor e mais feliz para nele viver... Mas se quiserem continuar a serem escravos de banqueiros e pagarem o custo da sua própria escravidão, então deixem os banqueiros continuar a criar dinheiro e controlar o crédito." (Ellen Brown, em a Teia da Dívida)

Woody Allen recentememente fez um filme falando sobre isso, ou melhor, sobre como a vida pode ser ultrapassada se nos ateu-rmos ao real, apenas. De fato, a ignorância é uma benção. Ao mesmo tempo, mostra-nos como a vida pode ser ultrafutura e longínqua, se idolatrarmos modelos e estátuas... You Will Meet A Tall Dark Stranger é um título bom para este filme que, no Brasil, teve seu nome trocado por "Você Vai Conhecer O Homem dos Seus Sonhos". Por causa desse nome, demorei mais pra ir assistí-lo. Mas tentei abster-me dos modelos e gostei. O que gostei foi a simplicidade com que mostra as causas e as consequências da vida, com um toque bastante irônico (e sarcástico) quando faz seus personagens experimentarem seus próprios karmas e, ainda assim, ser leve e engraçado. Quase espiritual. Um belo conto de "som e fúria".



Quem assistiu Guerra nas Estrelas reconhecerá o poder da hipnose Jedi nesse filme. Conforme Anakin Skywalker, só funciona nas mentes mais fracas.



Mais sobre:
Woody Allen volta com comédia sarcástica
A vida é um conto cheio de som e fúria
Invention of Lying - Is She Your Sister?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário.