sábado, 12 de fevereiro de 2011

O problema dos ovos

do site Vegetarianismo.com.br

Poucas fazendas hoje em dia são igual àquela imagem que se tem das fazendas antigas: um lugar aprazível, tranquilo, com uma manada de galinhas cercadas de pintinhos ciscando, supervisionados pelo galo empoleirado no alto do celeiro.

Essa imagem não tem mais nada de real. As fazendas que abastecem as grandes cidades não são mais controladas por pessoas simples do interior. [...]

Fazenda agora é um grande negócio. Os métodos de linha de montagem e a entrada de grandes empresas transformaram o campo em "agribusiness". Os pequenos produtores têm que adotar os mesmos métodos que as grandes empresas ou então fecham seu negócio.

O "agribusiness" é uma atividade competitiva em que não há mais lugar para sentimentos ou integração com plantas, animais e com a natureza. Os métodos adotados cortam custos e aumentam a produção. Animais são tratados como máquinas que convertem rações baratas em carne, ovos e leite mais caros.

Sob esses métodos, os animais vivem vidas miseráveis do nascimento ao abate. As galinhas têm a má sorte de servirem aos humanos de duas maneiras: pela sua carne e pelos seus ovos.

O grau de confinamento ao qual a galinha poedeira está sujeita é extremamente alto e impõe severas restrições ao seu comportamento normal. Normalmente, são usadas gaiolas contendo 2 ou 3 aves medem de 30 a 35 centímetros de largura por 43 de comprimento (menos que uma página de jornal aberta).

Sob tais condições, as aves não podem esticar suas asas, nem se mover sem esfregarem-se umas nas outras ou se levantar totalmente no fundo da gaiola (o chão da gaiola é inclinado para o ovo rolar em direção à calha coletora).

Grande parte do padrão de comportamento normal é frustrado pelo engaiolamento. O comportamento de acasalamento, incubação e cuidado com os pintinhos é impedido e a única compulsão reprodutiva permitida é o pôr dos ovos. Elas não podem voar, ciscar, se empoleirar nem andar livremente. É difícil para a galinha, limpar suas penas e é impossível se "sujar" com terra. [Brambell Report]
Quando os produtores, a fim de aumentar os lucros, decidem aumentar o número de galinhas por gaiola, as galinhas ficam extremamente neuróticas, chegando ao canibalismo, mesmo que se aumente o tamanho da gaiola. Entre as galinhas existe uma hierarquia que fica impossível estabelecer com tão grande quantidade de galinhas em um espaço mínimo.

Em alguns casos, o número de galinhas chega a 9 galinhas por gaiola.

Devido ao estresse que as galinhas enfrentam, elas disputam a hierarquia entre si à bicadas. Isso causa prejuízo aos avicultores, e é a principal motivação para o corte da ponta dos bicos das aves feita com uma lâmina aquecida. Essa lâmina é aplicada na ponta do bico das aves, por onde correm vasos sanguíneos, causando dor intensa. O desbicamento é feito duas vezes na vida de uma galinha: logo após o nascimento e logo antes da época de pôr os ovos.

Para poupar em salários, não há funcionários dedicados a cuidar das aves que adoecem.

O chão das gaiolas é de arame, o que facilita a limpeza das vezes que caem por entre as grades e se acumulam no chão durante meses (causando um cheiro insuportável), mas causa desconforto durante toda a vida da galinha. É comum os criadores - quando se incomodam de averiguar - detectarem algumas galinhas cuja pele do pé cresceu em volta da grade, mantendo-as presas.

Quando a produção de ovos declina, o avicultor tem duas alternativas: ou vende o lote para o abate, ou força a perda de penas sazonal. A perda de penas sazonal é um processo fisiológico natural, onde as penas das galinhas caem e penas novas crescem no lugar. Depois da renovação das penas, as galinhas tendem a pôr ovos com maior frequência.

O avicultor provoca essa reação fisiológica de maneira artificial, por meio de um choque biológico: por dois dias, as galinhas não terão nem água, nem alimento. Ao mesmo tempo, a iluminação, que costuma ficar ligada 17 horas por dia para estimular a produção, é cortada abruptamente para 4 horas por dia. Depois dos dois dias, a água é restaurada e o alimento volta no dia seguinte. A luz volta ao normal depois de algumas semanas. As galinhas que sobrevivem ao choque - muitas morrem - são mantidas em produção por mais 6 meses.

Em alguns casos, as galinhas "gastas" não têm direito nem à última refeição. Para economizar em ração, o avicultor suspende o alimento 30 horas antes do abate, já que o abatedouro não paga pelo alimento que fica no aparelho digestivo.

Fonte: Vegetarianismo.com.br

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