"Não quero falar com bandeirantes."
Morrissey, ex-cantor do grupo britânico The Smiths, provocou polêmica ao declarar que os ataques recentes da Noruega não seriam "nada comparados ao que acontece todos os dias no McDonald's e Kentucky Fried Shit.". A declaração completa foi: "Todos nós vivemos em um mundo de assassinato, como os eventos na Noruega nos mostraram, com 97 mortos [sic]. Mas isso não é nada comparado ao que acontece no McDonald's e Kentucky Fried Shit [Chicken] todos os dias". Logo após, cantou a música "Meat Is Murder".
Depois da declaração, instantaneamente virou alvo das manchetes mundiais, que o acusaram de radical, irresponsável, entre outros adjetivos. No entanto, para alguns, a informação foi verdadeira, apesar da forma como foi dita. O sofrimento causado pela indústria animal é imenso - se for comparado a fundo e a "olho" com outras práticas humanas. Para outros, embora, continuou sendo chocante e ofensiva. Pois, afinal, são vidas humanas, diferentes de animais não-humanos, que "foram feitos" para serem mortos, na opinião da maioria das pessoas, não importa a quantidade. Animais não-humanos são apenas meros objetos de consumo, e essa é a ordem das coisas - por que questionar? Assim, Morrissey tornou-se atenção (e nova cruz) da mídia.
A forma (neutra) com que ele se referiu aos ataques pode ser interpretado como desrespeito e oportunismo, por grande parte da população. E, de fato, aproveitou-se de uma deixa midiática. Estava com o microfone na mão e falou o que talvez muitos teriam vontade de falar. Ele não trouxe o massacre à tona. O massacre é que o trouxe, ali. O recente evento da Noruega, assim como vários outros eventos, foi e é explorado exaustivamente pelas mídias nacionais e internacionais todos os dias, em todo o planeta. Colocam fotos das famílias chorando, em capas das revistas. Colocam crianças segurando lenço, em profunda agonia. Colocam todas as privacidades expostas em zoom, pra vender o sofrimento das pessoas como se fosse um grande filme de terror. E pra quê? Por profundo respeito à vida das vítimas.
Os ataques de Morrissey, pensando bem, não são nada comparados ao que acontece diariamente na mídia. Porém Steven Morrissey é o turkey da vez.
A tempo, não coloco minha mão no fogo por ele. Nem a mão, braço ou pata de ninguém.
'Depois de causar controvérsia ao dizer, num concerto em Varsóvia, que o massacre de Oslo não era "nada" comparado com o abate de animais para a indústria do fast food, Morrissey publicou um texto sobre o assunto no seu site.
ResponderExcluir"As mortes recentes na Noruega foram horríveis. Como é habitual nestes casos, os media dão ao assassino exatamente aquilo que ele quer: fama mundial", começa por dizer.
"Ninguém nos diz o nome das vítimas, como se não fossem importantes, mas a pressa dos media em tornar o assassino numa estrela à Jack o Estripador é repugnante. Não deviam dizer o nome dele nem fotografá-lo, e levá-lo para longe".
"O comentário que fiz em Varsóvia pode explicar-se assim: todos os dias, milhões são assassinados de forma rotineira para gerar lucros para a McDonalds e a KFCruelty, mas como estes assassinatos são protegidos por leis, pedem-nos que lhes sejamos indiferentes e não os questionemos".
"Se, com toda a razão, se sentem horrorizados pelas mortes na Noruega, é natural que também se sintam horrorizados pelo assassinato de qualquer ser inocente. Não podem ignorar o sofrimento animal só porque os animais 'não somos nós'", remata Morrissey no seu site.'
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